quinta-feira, 24 de abril de 2008

Alma Perdida



Toda esta noite o rouxinol chorou,
Gemeu, rezou, gritou perdidamente!
Alma de rouxinol, alma da gente,
Tu és, talvez, alguém que se finou!
Tu és, talvez, um sonho que passou,
Que se fundiu na Dor, suavemente…
Talvez sejas a alma, a alma doente
D’alguém que quis amar e nunca amou!
Toda a noite choraste… e eu chorei
Talvez porque, ao ouvir-te, adivinhei
Que ninguém é mais triste do que nós!
Contaste tanta coisa à noite calma,
Que eu pensei que tu eras a minh’alma
Que chorasse perdida em tua voz!…

Florbela Espanca - Livro de Mágoas

Lágrimas Ocultas



Se me ponho a cismar em outras eras
Em que ri e cantei, em que era querida,
Parece-me que foi noutras esferas,
Parece-me que foi numa outra vida…
E a minha triste boca dolorida,
Que dantes tinha o rir das primaveras,
Esbate as linhas graves e severas
E cai num abandono de esquecida!
E fico, pensativa, olhando o vago…
Tomo a brandura plácida dum lago
O meu rosto de monja de marfim…
E as lágrimas que choro, branca e calma,
Ninguém as vê brotar dentro da alma!
Ninguém as vê cair dentro de mim!

Florbela Espanca - Livro de Mágoas

A minha Dor



A minha Dor é um convento ideal
Cheio de claustros, sombras, arcarias,
Aonde a pedra em convulsões sombrias
Tem linhas dum requinte escultural.
Os sinos têm dobres de agonias
Ao gemer, comovidos, o seu mal…
E todos têm sons de funeral
Ao bater horas, no correr dos dias…
A minha Dor é um convento. Há lírios
Dum roxo macerado de martírios,
Tão belos como nunca os viu alguém!
Nesse triste convento aonde eu moro,
Noites e dias rezo e grito e choro,
E ninguém ouve… ninguém vê… ninguém…
Florbela Espanca - O Livro das Mágoas

Eu



Até agora eu não me conhecia,
Julgava que era eu e eu não era
Aquela que em meus versos descrevera
Tão clara como a fonte e como o dia.
Mas que eu não era eu não o sabia
E, mesmo que o soubesse, o não dissera…

Olhos fitos em rútila quimera
Andava atrás de mim… E não me via!
Andava a procurar-me - pobre louca! -
E achei o meu olhar no teu olhar,
E a minha boca sobre a tua boca!
E esta ânsia de viver, que nada acalma,
É a chama da tua alma a esbrasear
As apagadas cinzas da minha alma!

Florbela Espanca

quarta-feira, 23 de abril de 2008

São Jorge, Guerreiro! 23 de abril! SALVE!!!!!



Com esta chave abençoada eu peço a Deus pela intercessão de São Jorge, que me conceda a graça de abrir:
meu coração para o bem;
meus caminhos para os bons negócios;
as portas da prosperidade, da caridade e da paz para eu viver sempre feliz.
Com esta chave, em nome de Deus, eu fecho:
o meu corpo contra as maldades deste mundo;
contra as perseguições e espíritos malignos.
Que meu anjo da guarda sempre me ilumine e me guarde.
Com o poder da fé, misericórdia de Deus e a ajuda de São Jorge, Que assim seja”.
Salve São Jorge! Ogum-Iê!

segunda-feira, 21 de abril de 2008



Eu respiro o perfume do lírio do campo
Que já não sustenta mais de angústia
Sangram as lágrimas que caem...
Suspira à saudade que varre as lembranças..
Quero cair....quero me jogar ao longe onde nada mais me acolherá
Quero derramar sozinha minhas lágrimas
Como o lírio, quero me isolar...
mesmo que eu sangre até a sublime morte...
Quero deitar-me sob a terra
e observar a beleza de estar vulnerável e sozinha
Ser absorvida para seu interior
Ser parte da sua essência
É tudo que quero e penso em sentir
Em meus mais profundos momentos de desespero
Quando minha alma exala o som da morte
Ao mesmo implícita o desejo de estar permeando a beleza vivida aos antepassados
Um desejo que arde...que anseia a interromper esse sentimento
Mas que não tem forças para lutar a isso...
A esperança que resta não basta...
Liga-se a mim por apenas um trêmulo fio
Que a qualquer momento, assim como minha vida, poderá se romper.
-I-DARKNESS